O deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP) disse ter entrado com uma ação judicial, nesta quarta-feira, 15, contra o também deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) por causa de um vídeo viral publicado pelo opositor ao governo, em que fala sobre o monitoramento da Receita Federal ao Pix. Para Boulos, Nikolas deveria ser responsabilizado "pelas fake news que espalhou" sobre o meio de pagamento.
"Como todo bolsonarista, é um covarde. Fugiu do debate. Vamos ver se agora vai fugir do Oficial de Justiça", escreveu Boulos no X (antigo Twitter).
O vídeo em questão tem cerca de 4 minutos e, apenas no Instagram, foi assistido mais de 200 milhões de vezes em cerca de 24 horas. Nele, Nikolas diz que o Pix não será taxado, mas que não "duvida que possa ser"
O deputado inicia o vídeo falando que o monitoramento vai impactar os trabalhadores informais. "Todos aqueles que lutam diariamente pra ganhar vida honestamente vão sofrer. Esses trabalhadores que já vivem no aperto agora terão suas movimentações vigiadas como se fossem grandes sonegadores. Se fizer uma vaquinha pra pagar o churrasco, vai ser complicado de explicar no Imposto de Renda", afirma.
Ele continua dizendo que o monitoramento vai fazer com que as pessoas prefiram usar dinheiro em cédula. "Sendo assim, esses milhões de brasileiros não vão mais usar cartão de crédito, PIX, débito. Ou transferência bancária pra não cair na mira do governo, que só tá pensando em arrecadar sem te oferecer nada", continua Nikolas.
E finaliza afirmando medidas que o PL está tomando contra a nova regra da Receita Federal. "A oposição está coletando assinaturas para um projeto de lei para impedir que esse tipo de quebra de sigilo mascarado de transparência seja realizado".
Em nota, o secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, reforça que cobrança de imposto ou taxa sobre o Pix não existe e "jamais vai existir".
Além disso, afirma que não há quebra de sigilo bancário dos brasileiros. "As informações prestadas pelas instituições financeiras são globais", diz o secretário. Ou seja, a Receita só sabe os valores totais movimentados mensalmente e proíbe que sejam informados detalhes de transações, como origem ou destino dos pagamentos.
O cartão de crédito já era monitorado pela Receita, quando os valores excediam em R$ 2 mil para pessoa física e R$ 6 mil no caso de pessoa jurídica. A nova norma atualiza o valor mínimo excedido para R$ 5 mil para pessoa física e R$ 6 mil para pessoa jurídica, além de inserir o Pix.
Barreirinhas também esclarece que a Receita não vai ficar de olho em todas as movimentações atípicas, como o empréstimo de cartão de crédito a um parente. "Não é porque em um determinado mês você gastou um pouco mais que isso vai gerar algum problema com a Receita Federal", diz.
Fonte: A Terra