Durante a campanha de 2024, o então candidato Gustavo Carmo empolgou o eleitorado de Alagoinhas ao prometer a implantação gradual da tarifa zero no transporte público. O projeto foi apresentado como um marco de justiça social e mobilidade urbana, com a criação de um Fundo Municipal de Transporte financiado por recursos públicos e privados. Contudo, menos de um ano após assumir o cargo, a realidade é outra: a tarifa subiu de R$ 4,10 para R$ 4,30, e a população cobra explicações.
Gustavo Carmo incluiu a tarifa zero como um dos pilares de seu plano de governo. Em sua plataforma oficial, destacava-se a proposta de eliminar a cobrança de passagens até 2028, com um projeto piloto previsto para bairros periféricos já em 2025. A medida, segundo ele, fomentaria o comércio local, a frequência escolar e o acesso aos serviços públicos.
Em janeiro de 2025, a população foi surpreendida com um reajuste de 4,8% no valor da passagem, aprovado pela gestão municipal. O aumento foi duramente criticado nas redes sociais e em programas de rádio locais. Para muitos moradores, o reajuste é “uma traição” e “um estelionato eleitoral”.
“Votamos acreditando que o transporte seria gratuito, mas agora está ainda mais caro”, disse moradora do bairro Barreiro.
Desde o início do mandato, a Prefeitura realizou um fórum de mobilidade urbana e apresentou estudos técnicos sobre a tarifa zero, mas até agora não apresentou um cronograma concreto para sua execução. Os detalhes sobre o funcionamento do fundo de transporte, de onde viriam os recursos e como seria fiscalizado, seguem nebulosos
Urbanistas e especialistas em mobilidade entrevistados apontam que o modelo de tarifa zero exige forte planejamento financeiro e envolvimento da iniciativa privada — fatores ainda ausentes no cenário atual de Alagoinhas. Cidades como Caeté (MG) e Maricá (RJ) conseguiram aplicar a política, mas com ajustes profundos na estrutura orçamentária.
A gestão de Gustavo Carmo começa a sofrer desgaste público diante da distância entre o discurso de campanha e a prática administrativa. A promessa da tarifa zero, que poderia ser símbolo de inovação social, hoje paira como sombra sobre a credibilidade do governo. Enquanto isso, os cidadãos seguem arcando com tarifas mais altas — e com menos esperança de mudança.
Fonte: Portal Alagoinhas News